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Palmeiras Todo Dia

Parte da imprensa esportiva brasileira e uma aula de hipocrisia

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"Um editor de jornal é alguém que separa o joio do trigo – e publica o joio."

(Adlai Stevenson)

 

O Palmeiras terminou mais uma rodada, a décima quinta, como líder do Campeonato Brasileiro de 2016. Com a vitória no Beira Rio, que não vinha desde 1997, aumentou a distância que o separa dos segundo e terceiro colocados. Quebrou um incômodo tabu; venceu, com autoridade, num terreno historicamente inóspito. Fernando Prass não trabalhou – e bem poderia, como um dia fez seu maior antecessor, pedir um copo de café para tornar tolerável o frio de Porto Alegre.

 

A liderança incontestável do Palmeiras, é curioso observar, tem provocado reações diversas fora do Palestra Itália: reconhecimento dos rivais, surtos coletivos de histeria, elogios, desdém. O Palmeiras, embora isso jamais seja admitido publicamente, provoca, como nenhum outro clube, interesse. O Palmeiras é “polêmico”. A magnis maxima. O campeão de 2015 tem um título “incontestável”; o Palmeiras, jogando mais bola, tem uma liderança sempre questionada, sempre duvidosa.

 

Entre os motivos, os mais diversos – desde o famigerado “ainda é cedo” até exames mal feitos da tabela. Sim, houve quem dissesse que o Palmeiras havia assumido e mantido a liderança porque havia enfrentado, em sequência, Santa Cruz e América-MG (em casa), Cruzeiro (fora) e Figueirense (em casa). “Isso provoca uma distorção”, “o time enfrentou adversários mais fáceis e fez mais jogos em casa que o Inter, por exemplo”, bradou-se. Estávamos, então, na nona rodada. Não foi dito, porém, que a “distorção” provocada pela tabela só veio corrigir uma distorção anterior. O “recorte” feito pelo jornalista começou na nona e terminou na décima segunda rodada. Faltou dizer que nas oito anteriores o Internacional havia feito cinco jogos em casa e três fora; faltou dizer, também, que o Palmeiras havia enfrentado, em sequência, Fluminense, São Paulo, Grêmio, Flamengo e Corinthians. Cinco pedreiras. Dois clássicos num intervalo de duas rodadas. Faltou dizer que a “distorção” atual corrige uma passada e será corrigida por outra futura (na sequência do próprio Palmeiras, Sport fora de casa, Santos, Internacional e Atlético-MG). Faltou dizer que essas tabelas “segmentadas” e que essas “distorções” fazem parte dos caminhos de todos os times e, portanto, não podem, logicamente, beneficiar uns em relação a outros.

 

Voltemos ao Beira Rio. Depois da vitória incontestável, dessas típicas de campeões (assim esperamos) e, pelas chances de gol, menor do que poderia – e deveria – ter sido, ganhou as manchetes uma nova polêmica: um pênalti de Zé Roberto não assinalado pelo árbitro. Repetiu-se a jogada incontáveis vezes, pelo lado direito, pelo esquerdo, por cima, por baixo, por trás, pela frente e pela diagonal. Sobre a vitória e o futebol apresentado, alguma nota. Viveu-se um “replay” do que foi o dia 13 de junho, segunda-feira, dia seguinte ao Derby vencido por 1x0, quando na imprensa não se falou de outra coisa além da “polêmica” (porque bastante discutível) falta de Felipe em Fernando Prass no último lance da partida. O silêncio sobre o impedimento de Felipe na jogada foi constrangedor e ensurdecedor. O rival do dia, especialmente por seu técnico, lamentava o “erro” que havia “mexido no placar” quando, na verdade, devia ter ido – se é que não foi, longe das câmeras – do Allianz Parque a Itaquera de joelhos pela goleada que só não levou por centímetros que, em muitas jogadas, determinaram a saída e não a entrada da bola na meta. O impedimento foi enterrado para sempre. Do impedimento não se fala.

 

Também (quase) não se fala do gol mal anulado de Gabriel Jesus na derrota por 2x1 contra a Ponte Preta em Campinas; não se fala da expulsão injusta de Cuca nesse mesmo jogo (do ponto, sim, e não há problema nisso, já que o treinador errou, mas não é demais recordar que a suspensão era injusta); pouco se falou da falta em Dudu que originou o gol da derrota no Morumbi diante do São Paulo; o primeiro gol do Grêmio no Pacaembu, o gol mais impedido validado no campeonato, anotado no nariz do auxiliar, ficou ofuscado pela virada heroica do Palmeiras; o pênalti mais claro não marcado no campeonato, diante do Flamengo, ficou ofuscado pelo pênalti bizarro de Martins e pela vitória alviverde no jogo; do gol irregular, novamente por impedimento, que garantiu o empate do Coritiba no último lance do jogo no Couto Pereira e arrancou dois pontos do Palmeiras, nada se falou; o gol impedido de Grafite no Allianz Parque foi soterrado pelos três gols do então novo líder; o pênalti em Edu Dracena no último lance na derrota no Mineirão diante do Cruzeiro nem entrou na pauta; o segundo pênalti mais claro do campeonato, não anotado diante do Santos quando o jogo ainda estava um a zero a favor do Palmeiras, já no segundo tempo, também passou longe de ser assunto no rádio, na TV ou na internet.

 

O polêmico pênalti de Zé Roberto ganhou mais espaço que aquele concedido a todos esses erros somados. A fructibus eorum cognoscetis eos. Dessa vez, ainda se foi além. Questionado sobre o lance, Cuca lembrou que sequer houve reclamação considerável dentro do estádio. Deu a opinião dele, porque questionado. “Uma aula de hipocrisia” daquele cujo critério “só pode ter a cara de pau como conteúdo”, daquele que é “o mesmo que, suspenso, usou o ponto eletrônico” (e vai ser julgado pelo uso do ponto na injusta suspensão), cravou um blogueiro, quem ainda completou: “ganhar de qualquer jeito está sempre em primeiro lugar”.

 

Ignoramos a afirmação segundo a qual “Cuca é ótimo em reclamar” – o técnico líder do campeonato pouco ou nada falou diante de todos esses erros de que seu time foi vítima; adotou, na verdade, uma postura bem diferente, por exemplo, daquela adotada pelo atual técnico da seleção em seu ex-clube, que, é de conhecimento notório, sofre bem menos com os erros de arbitragem do que o Palmeiras, e dessa postura pouco se falava. Destacamos, sim, a última frase - precisa, o retrato do Palmeiras de Cuca, caro blogueiro: ganha de qualquer jeito, mesmo com essa enxurrada de erros de arbitragem contra si, e segue sempre em primeiro lugar. E, ao que tudo indica, se nenhum erro for maior que o futebol do time, como foi aquele contra o Fluminense em 2009, como eram todos os erros quando o time, frágil, foi rebaixado para a segunda divisão, será o primeiro colocado até a trigésima oitava rodada.

 

Ab auditione mala non timebit. O homem honrado não teme murmúrios. O Palmeirense não teme murmúrios. O Palmeirense não teme a seletividade.

 

Por fim, torcida Palmeirense, não é demais sublinharmos que, mesmo num ambiente repleto de “clubismo”, como é o ambiente da imprensa esportiva no Brasil, entre os bons e os maus jornalistas, entre os torcedores, diplomados ou não, que empunham um microfone, entre os blogueiros, mais e menos conhecidos, e entre os próprios jogadores e torcedores colorados, que pouco reclamaram do lance, houve uma certeza manifestada em olhares de soslaio, a mesma certeza que manifestamos, entre nós, em olhares de confiança e cumplicidade: a presença de Fernando Prass, o goleiro da seleção olímpica, o melhor goleiro em atividade no país, transforma “probabilidade” em apenas “possibilidade” de gol quando um batedor ajeita a bola na marca do pênalti. É, sim, uma monstruosidade; a ordem regular da natureza se altera de tal modo que cravar que “ali era o empate colorado” chega a soar temerário, como soavam afirmações dessa natureza quando entre as traves estava Marcos. Dessa certeza, que todos tinham e ninguém admite, também não vai se falar.

 

Palmeiras Todo Dia

O Site Oficial do Torcedor Palmeirense

 

Texto de Gabriel Augusto e Marcello Barbosa

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Parte da imprensa esportiva tbm é culpada pelos 7x1...

Óbvio que nunca irão admitir, mas são...

 

 

 

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Bacana o texto.

 

Apenas para ilustrar essa flagrante seletividade da "imprensa" esportiva brasileira, me lembro de na segunda-feira pós vitória contra o curintia ter ligado a tv no horário de almoço (bate bola espn) para ver o que iriam dizer do clássico. No entanto, não tive tempo de ver os cometários, pois à época começaram comentando sobre o jogo do inter que era o líder. Já nessa segunda-feira última, novamente ligo a tv para ver os comentários sobre a vitória incontestável do líder em pleno beira rio, mas desta vez começaram falando sobre gambas x bambis e não sobre o nosso jogo.

 

Estranho não? Ou melhor, de estranho não tem nada, como o texto deixa claro não se pode esperar outra coisa. Espero que o Cuca saiba pegar esse desdem e a raiva enrustida que a "imprensa" tem de nós e usá-los dentro do vestiário em nosso favor!

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Visitante

"O" texto...

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Guest Gui

A argumentação ficou perfeita!

 

A imprensinha gosta de ser hipócrita.

 

 

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Guest Milani

Excelente

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Nós, Palmeirenses mais instruídos e informados estamos cansados de ver, vivenciar e revoltarmos-nos com essas mazelas da nossa imprensa para com o Palmeiras.

O que me irrita é esses safados ficarem formando opiniões totalmente equivocadas e fantasiosas, não só de torcedores alheios como também de outros Palmeirenses que desconhecem a verdade e acabam "caindo" na desses vagabundos.

É quase um dever público defender o Palmeiras todos os dias dessa laia seja no trabalho, na net, na pelada, em casa, na lua...

Eu às vezes ficava com um pingo de dúvida se existiam esquemas, conspirações, mà intenção...Hoje com essa liderança isso tem sido escancarado. E ainda tem quem diga que o curica é o contra tudo e todos, o que é digno de riso, pena e revolta.

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Se eu fosse PN pediria autorização ao PTD para publicar este texto no site do clube.

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Guest Milani

o mais triste é ler palmeirenses dizendo que somos exagerados, que temos mania de perseguição e coisas assim. se nossos dirigentes e torcedores tivessem esse pensamento em 1942, o clube teria sido extinto.

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Guest sk84life

Eu não assisto programas de meio dia não sei o que o neto fica falando nesses programas.

Ontem na espnbr pouco se falou sobre o pênalti que de fato aconteceu.

Concordo com o texto. Se alguém quiser mudar o resultado do jogo de domingo mas aceitar colocar o pênalti contra o Santos pra gente cobrar e mudar o resultado contra o curitiba... Negócio fechado!

 

Não sei se li com a devida atenção mas o texto não falou do estupro que fomos vítimas contra o flamerda. Foram três penais pra marcarem um.

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