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Daniel Schotten

A evocação poética de uma lenda chamada Jaílson

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“Um dia eu vou ser goleiro do Palmeiras”.

 

Lembro de ter conhecido o goleiro na Academia de Futebol do Palmeiras durante alguma tarde tranquila do ano passado em que caminhávamos confiantes (e quase que tranquilos) rumo ao título. O treino estava chegando ao fim, Dudu era o goleiro (imaginem essa cena) e Jailson chutava ao gol. Todos sorriam. Prass corria separado naquele incessante empenho de voltar para o time. Fiquei sorrindo durante aqueles minutos em que única sensação que tinha é a de que seríamos campeões. O ambiente era bom. A gente sabe quando a hora chega.

 

Alguns jogadores caminharam para fora do treino. Jailson saiu, sorridente, e parou na grade ao lado de onde eu estava. Apoiou as mãos, se inclinou quase com um cansaço pós-treino e diminuiu a formalidade de forma amistosa.

 

Fomos apresentados e começamos a conversar:

 

 

- E aí, vamos ser campeões? 
- Com certeza, ninguém ganha da gente, não. 
- Disseram que você vai pular o muro, hein? 
- Tão dizendo, é? Hahahaha! Cê tá maluco, eu sou Palmeirense. Não saio daqui não. Se não me quiserem mais, vou jogar em algum clube longe daqui, mas não pulo o muro nem f*dendo. Além do mais, a rapaziada viria atrás de mim (ele se referia, provavelmente, a alguns amigos).

 

A primeira vez em que Jailson esteve debaixo das traves, eu olhava atentamente pra cada movimento que ele fazia. A explosão nas bolas, a atenção, a movimentação dos jogadores e a prontidão em saltar, sem hesitar, em qualquer bola que viesse em sua direção. Era quase um receio meu a dedicação em avaliar o novo goleiro. Me parecia inconcebível que mais ninguém acertasse a mão naquele gol. Depois de uma falha da defesa que exigiu sua primeira demonstração de competência, ele levantou, bateu as luvas uma contra a outra e saiu gritando com os seus marcadores. Existia uma revolta nos gritos.

 

A luz acendeu de novo. Tínhamos um goleiro. Aquela atitude era coisa de gente que sabia agarrar as oportunidades que apareciam. Sempre nos referimos à escalação do goleiro ao centroavante, subentendendo que ele é sempre o número um. Naturalmente se espera liderança do jogador que tem a melhor visão da partida.

 

Diz a vó de Jailson que, antes mesmo de falar direito, ele já confessava seu desejo pelo destino entre as nossas traves, sem ao menos saber se um dia chegaria.

 

Quando jogador do Guaratinguetá, pedia ao nosso lateral Wendel que desse camisas oficiais e chuteiras do Palmeiras, sem nem imaginar que o seu nome estaria estampado em uma delas um dia, enquanto a torcida viria a gritar o seu nome.

 

Em sua volta, este ano, foi o melhor jogador da partida, tornando o Ninho do Urubu, definitivamente, um ninho. 

 

O fato é que a lesão do Jailson é rara como encontrar um goleiro tão torcedor que seja incapaz de perder dentro de campo.

 

Se ele esperou durante 33 anos a sua hora chegar, a gente espera o tempo que ele precisar para voltar. É uma questão de gentileza com o destino. 

 

#ForzaJailsãoDaMassa

http://espnfc.espn.uol.com.br/palmeiras/o-nosso-sentimento/16194-a-evocacao-poetica-de-uma-lenda-chamada-jailson

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O Palmeiras precisa fazer todo o possível (e creio que já está fazendo) para recuperar o Jailson.

O cara já se mostrou torcedor do time e que joga com seriedade, mesmo em jogos sem importância.

 

Merece ser goleiro do Verdão e encerrar a carreira aqui...mas ainda tem muita lenha para queimar.

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6 hours ago, Daniel Schotten said:

“Um dia eu vou ser goleiro do Palmeiras”.

 

Lembro de ter conhecido o goleiro na Academia de Futebol do Palmeiras durante alguma tarde tranquila do ano passado em que caminhávamos confiantes (e quase que tranquilos) rumo ao título. O treino estava chegando ao fim, Dudu era o goleiro (imaginem essa cena) e Jailson chutava ao gol. Todos sorriam. Prass corria separado naquele incessante empenho de voltar para o time. Fiquei sorrindo durante aqueles minutos em que única sensação que tinha é a de que seríamos campeões. O ambiente era bom. A gente sabe quando a hora chega.

 

Alguns jogadores caminharam para fora do treino. Jailson saiu, sorridente, e parou na grade ao lado de onde eu estava. Apoiou as mãos, se inclinou quase com um cansaço pós-treino e diminuiu a formalidade de forma amistosa.

 

Fomos apresentados e começamos a conversar:

 

 

- E aí, vamos ser campeões? 
- Com certeza, ninguém ganha da gente, não. 
- Disseram que você vai pular o muro, hein? 
- Tão dizendo, é? Hahahaha! Cê tá maluco, eu sou Palmeirense. Não saio daqui não. Se não me quiserem mais, vou jogar em algum clube longe daqui, mas não pulo o muro nem f*dendo. Além do mais, a rapaziada viria atrás de mim (ele se referia, provavelmente, a alguns amigos).

 

A primeira vez em que Jailson esteve debaixo das traves, eu olhava atentamente pra cada movimento que ele fazia. A explosão nas bolas, a atenção, a movimentação dos jogadores e a prontidão em saltar, sem hesitar, em qualquer bola que viesse em sua direção. Era quase um receio meu a dedicação em avaliar o novo goleiro. Me parecia inconcebível que mais ninguém acertasse a mão naquele gol. Depois de uma falha da defesa que exigiu sua primeira demonstração de competência, ele levantou, bateu as luvas uma contra a outra e saiu gritando com os seus marcadores. Existia uma revolta nos gritos.

 

A luz acendeu de novo. Tínhamos um goleiro. Aquela atitude era coisa de gente que sabia agarrar as oportunidades que apareciam. Sempre nos referimos à escalação do goleiro ao centroavante, subentendendo que ele é sempre o número um. Naturalmente se espera liderança do jogador que tem a melhor visão da partida.

 

Diz a vó de Jailson que, antes mesmo de falar direito, ele já confessava seu desejo pelo destino entre as nossas traves, sem ao menos saber se um dia chegaria.

 

Quando jogador do Guaratinguetá, pedia ao nosso lateral Wendel que desse camisas oficiais e chuteiras do Palmeiras, sem nem imaginar que o seu nome estaria estampado em uma delas um dia, enquanto a torcida viria a gritar o seu nome.

 

Em sua volta, este ano, foi o melhor jogador da partida, tornando o Ninho do Urubu, definitivamente, um ninho. 

 

O fato é que a lesão do Jailson é rara como encontrar um goleiro tão torcedor que seja incapaz de perder dentro de campo.

 

Se ele esperou durante 33 anos a sua hora chegar, a gente espera o tempo que ele precisar para voltar. É uma questão de gentileza com o destino. 

 

#ForzaJailsãoDaMassa

http://espnfc.espn.uol.com.br/palmeiras/o-nosso-sentimento/16194-a-evocacao-poetica-de-uma-lenda-chamada-jailson

É seu o texto, irmão? Que baita crônica. 

 

Jailson é o exemplo do que esperar de um ser humano. Segundo dizem, é gente boa, humilde e parceiro no elenco. Como profissional o cara é a prova que o roteiro do filme Rocky não existe somente no cinema.

O cara tem 37 anos, nunca disputou uma série A e é terceiro reserva do titular. Palmeiras lidera o nacional, um título que não ganha a 22 anos. O titular machuca e entra o reserva entra. São três jogos sem vitória e a liderança é ameaçada. Pela primeira vez na vida ele vai para o campo numa série A. E dali, até o final, não perde um jogo. Palmeiras campeão. No ano seguinte ele volta para o banco, cedendo a titularidade para o cara que ele substituiu. Voltou a ser reserva, mas desta vez o segundo, não terceiro goleiro. O tempo passa. Entra em três fogueiras: Copa do Brasil, Libertadores e um time capengando no nacional. O time é eliminado na Copa do Brasil, mas naquele jogo o Palmeiras não toma um gol. Na Libertadores a mesma coisa. A situação repete no Brasileirão. Parecia um sonho. Na segunda chance como titular no Palmeiras, mais uma vez Jailson segue invicto. E ai vem a lesão.

Ele é a prova que ser decente ainda vale a pena. É a comprovação que ter fé, esperança e acreditar em milagres ainda é possível.

É o Jailson da massa.

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Sempre vem na minha terra natal, faz selfie com todo mundo até dentro do banco como jogador e como pessoa tem meu "eterno respeito".

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Acho a história do Jailson linda demais. Quem já superou adversidades e se vê feliz por encontrar um lugar em que se sente em casa, acaba se identificando com ele.

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Essa história deveria virar um filme! desde aquele jogo com Vitoria senti que ele vinha pra fazer história, foi tirado do time de maneira injusta, mas tem estrela, além de muita qualidade, e ainda vai nos dar muitas alegrias!pra mim é ídolo, maior goleiro desde Marcos!

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Cara, quando Jailson assinou, trintão, fazendo aquelas juras de amor ao clube, e com um sorriso de orelha, eu sabia que o palmeirismo dele era verdadeiro, que ele seria um torcedor ali no elenco, era só ver durante todo tempo que esteve no clube antes da grande temporada de 2016, mesmo na reserva, era o que mais comemorava os gols, parecia que tinha ganho um bilhete de loteria. Mas o SENHOR DEUS foi ainda mais generoso, e permitiu que ele seguisse treinando firme e forte, até que a oportunidade de escrever seu nome no livro de glórias do clube surgiu. Muito bonita mesmo a história desse Negão, Jailsão de Palestra.

 

O tempo e a oportunidade ocorrem a todos, já dizia O Pregador.

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