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Guest Palestra1999

Problema da defesa nem sempre é somente jogador

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Guest Palestra1999

Salve, galera. Vou copiar uma resposta que dei a alguns dias no topico divagações, especulações e blabla sobre o porquê de nem sempre o problema defensivo ser único e estritamente relacionado a nomes (apesar de componente importante)

 

Vamos considerar alguns pontos para realizar uma análise defensiva do Palmeiras. Primeiro: qual o objetivo de se marcar? Segundo definição da Universidade do Futebol, o objetivo da marcação é otimizar a ocupação espacial da equipe, deixando o “campo pequeno” para o adversário que ataca. Na região onde a bola se encontra, a busca é pela criação da superioridade numérica, sem desguarnecer o lado oposto do campo que deve permanecer “vigiado” pelos jogadores mais próximos deste setor.futebol existem basicamente 4 tipos de marcação preponderantes: zona, individual, individual por setor e hibridas/mista.

Marcação zonal: age sobre o espaço.

Marcação individual: age sobre o jogador adversário.

Marcação individual por setor: cada jogador é responsável por um espaço e pelo jogador adversário que estiver dentro do mesmo.

Marcação mista: utiliza tanto a marcação zonal, como a individual, que se alternam em circunstâncias específicas do jogo.

Marcação híbrida: apresenta características da marcação zonal e individual, ao mesmo tempo, que se manifestam em decorrência da estratégia da equipe.

 Antes de qualquer suposição, sou a favor da utilização de marcação por zonas, com linhas oscilando de acordo com o jogo e pressão intensa na saída de bola nas fases cruciais do jogo (primeiros 20 a 30 min do 1° tempo e até no máximo 20 min do 2° tempo).

Posto isso, trazendo pro nosso lado, saímos de um 2016 em que se marcava por encaixes, entramos em 17 na marcação por zona, retornamos aos encaixes e finalizamos com zona+ linha alta. Antes de entrar estritamente nas características desses 2 sistemas, vale a pena salientar que mudanças bruscas em algo desse porte requerem uma adaptação com uma cognição alta por parte dos atletas para assimilação (especialmente a marcação por zona, que requer noção de espaço e muito treino para sua execução ser sincronizada e precisa). Isso, como falado acima, não aconteceu, já que em em 1 ano tivemos 3 filosofias diferentes e pouco tempo para treinar, dificultando o surgimento de adaptação e da famosa  consistência defensiva.

No futebol moderno, encaixes hoje beiram o anacronismo, mas ainda funcionam. Palmeiras de 2016, Liverpool 2015/2016 e atlético de Madrid 2013/2014 são exemplos mais recentes. Aqui se vê que não é necessário tanto treino por parte dos atletas para entenderem, basta cada um pegar o seu e está resolvido. No entanto, a maior falha apresentada é o erro e o não acompanhamento por parte do atleta, o que desloca outro jogador para marcação e sempre permite a sobra de outro (e assim sucessivamente), facilitando enfiadas e a famosa bola nas costas. Exemplos: os 3 gols do Cruzeiro na copa do br, gol do santos no br 2017 no primeiro turno e outros inúmeros sob o comando do Mestre Cuca. Funcionou em 16 porque se teve tempo de preparação e um intenso preparo físico, que é o contraponto desse tipo de marcação. Se exige mais do atleta, que corra mais e se desgaste mais. Talvez aí a explicação para algumas lesões musculares naquele br. 

Marcação por zona

Eduardo Baptista utilizava e faltou tempo e treino para que se tornasse efetiva (quem não se lembra do gol do meio da rua que sofremos na Bolívia?). Valentim então nem se fala. Tentou usar a linha alta sem tempo hábil e se fodeu

A marcação em zona consiste em ocupar o espaço, impedindo que ali o adversário penetre. Para fazer o uso desse estilo de jogo, é necessário que o time jogue mais junto, tendo sincronização perfeita (vide os lixos da marginal), principalmente no campo de defesa. Daí a ideia de compactação: “amontoar” os jogadores em um espaço reduzido e tentar impedir que o adversário passe dali.

Diferentemente da outra, a marcação por zona tem como prioridade, normalmente, defender o seu campo de defesa, com o intuito de fazer com que o adversário não consiga passar da área ocupada pelas linhas defensivas.

A região onde a bola se encontra é chamado por alguns autores de “lado forte”, enquanto a região oposta é chamada de “lado fraco”. Em cada uma dessas regiões há uma preocupação diferente por parte da equipe, e varia conforme o Modelo de Jogo de cada uma delas.

Para Nuno Amieiro, em seu livro “Defesa a Zona no Futebol”, ocupar os espaços do jogo de forma inteligente criando superioridade numérica na região da bola é um dos fatores fundamentais para “controlar” os adversários.

Além de criar superioridade numérica na região da bola e “vigiar” o lado oposto a ela, na marcação por zona se preconiza a presença de linhas escalonadas que sevem como coberturas e visam com isso “aumentar” o caminho entre a bola e o gol.

Vale destacar ainda que na marcação por zona a atenção do jogador não deve ser apenas na ocupação do seu espaço, mas no desenvolvimento de seu jogo como um todo, levando em conta as demais referências do Modelo de Jogo (por isso que necessita de intenso e exaustivo treinamento para execução + capacidade de assimilação por parte dos atletas-que não são lá muito dotados de inteligência)

Na marcação por zona, o que se busca é uma marcação coesa, dinâmica, homogênea com o intuito de fornecer uma referência coletiva comum aos jogadores dentro da organização defensiva da equipe. (Se cansa menos, exige menos, melhor preservação do preparo)

Resumindo: não adianta xingar a b ou c enquanto o tipo de marcação não for definido e treinado. Seja Sérgio Ramos ou qualquer Marcão zagueiro. É preciso tempo e treino. Os lixos possuem isso (daí a famosa frase: lá zagueiro sempre dá certo. A maioria põe a camisa e joga).

Paciência. 

Agradeço aos amigos da Universidade do futebol por algumas análises.

Saudações palestrinas!

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Muito bom post, sensacional.

Essa questão dos modelos de marcação, realmente é uma coisa bem complicada, já é dificil rotinar umas das formas de marcação, imagina num mesmo ano, o time passar por 3 modelos diferentes, o time de 2016 do Cuca atingiu um pico de entrosamento que nos garantiu o título, infelizmente na volta dele, o ambiente e condições já eram outras e ele falhou em se adaptar além de uma série de outras coisas já bem debatidas.

Como dizem, marcação zona é a maneira mais inteligente de um time ocupar espaços, só que exige também muita capacidade da equipe se mover como um conjunto no momento defensivo, isso aqui no Brasil não é algo muito comum, principalmente jogadores de frente, ocupação de espaço deles não é das coisas mais inteligentes do mundo, é comum aqui no Brasil ver muito "ponta" recuar para dar aquela satisfação ao treinador, analistas e torcida que está lá ajudando, só que o posicionamento do cara é péssimo e isso dificulta bastante as coisas como conjunto.

Uma outra questão que também surge é referente a capacidade de um grande marcador individual, se encaixar bem num modelo de marcação a zona, isso nem sempre acontece, no nosso elenco por exemplo temos um grande marcador individual que é o Thiago Santos, o que esse cara é eficiente na capacidade de chegar junto, ir pro confronto 1x1, e atrapalhar o adversário, é uma enormidade, mas ao mesmo tempo, não necessariamente num estilo de marcação zona com ocupação de espaços, o Thiago vai ser tão efetivo, por caracteristica como jogador, ele tão logo vê um adversário com bola , já pensa no combate individual, antes do espaço, e isso não é uma coisa fácil de equacionar para o treinador, é preciso entender essas nuances e adaptar todo o entorno.

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Excelente post.... comentei qdo vc fez  no outro tópico e muito bom que vc tenha aberto um exclusivo para esse assunto!

Essa semana estou no celular apenas, mas vou me inscrever nesse tópico. Esse vale muito a pena!

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On 1/16/2018 at 6:25 PM, Palestra1999 said:

 

On 1/16/2018 at 6:25 PM, Palestra1999 said:

É preciso tempo e treino. Os lixos possuem isso (daí a famosa frase: lá zagueiro sempre dá certo. A maioria põe a camisa e joga).

Paciência. 

Assino em baixo. 

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