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Guest Fabricio MG

As lesões que forjaram um Palmeiras vencedor

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Guest Fabricio MG

Por Leandro Iamin, do O Periquitão

20 de fevereiro de 2017, 16:23

 

Em 1974, Palmeiras e Corinthians decidiram o Campeonato Paulista. O jogo paralisou a cidade e o estado, pois representava a chance do Corinthians sair de uma fila que já durava duas décadas. Ronaldo, atacante palmeirense, lesionou a coxa na primeira partida. Com a perna inchada, passou a semana sem tocar o chão. As aspas que ponho aqui são do próprio Ronaldo, em entrevista ao Palmeiras, falando da véspera da decisão: “O massagista e o (técnico) Brandão entraram no meu quarto com uma garrafa de água mineral, jogaram em mim e começaram a espremer a região com muita força. Enquanto o Brandão segurava minha perna, o massagista esfregava. Fiz isso até de madrugada. Quando acordei no domingo, estava zerado”.

 

 

Ronaldo fez o gol do título do Palmeiras, 1x0, Corinthians 21 anos na fila.

 

 

Em 1993, Corinthians e Palmeiras voltavam a decidir um Campeonato Paulista capaz de parar a cidade. Dessa vez era o Palmeiras a amargar um jejum que já durava 16 anos. Luxa deixou Evair de fora da primeira final, pois ainda não estava totalmente recuperado de uma lesão de quase dois meses e comprometeu sua participação na fase final do estadual. O camisa 9 entrou vestindo a 16, no segundo tempo de um jogo marcado pelo "gol porco" do Viola. O orgulho palmeirense, ferido de morte em uma semana terrível, contrastou com o tratamento do nosso salvador, ferido sem morte mas pronto para o jogo de volta.

 

Evair fez dois gols, o Palmeiras venceu por 4x0 e foi campeão de novo.

 

 

Entre as rodadas 4 e 5 da Libertadores de 1999, Velloso machucou o tornozelo em um rachão na véspera de Palmeiras x Corinthians. Velloso, que ganhou, onze anos antes, uma chance no time graças à lesão de Zetti - que quebrou a perna dividindo com Bebeto, do Flamengo - estava, portanto, fora de combate e assim abria caminho para São Marcos entrar em cena e desempenhar papel decisivo contra Vasco, Corinthians, River Plate e Deportivo Cali. É possível afirmar que sem sua entrada, dificilmente teríamos vencido a Libertadores.

 

 

São Marcos foi eleito o melhor jogador daquela competição. Onze anos antes, Gaúcho, centroavante que entrou no lugar do machucado Zetti, defendeu dois pênaltis e nos deu a vitória. O próprio São Marcos, veríamos depois, teria sua biografia pontuada pelas mais diversas e angustiantes lesões.

 

 

Copa Rio de 1951, semifinal, Palmeiras x Vasco. Aquiles, nosso artilheiro, fraturou a perna. Ponce de León ganhou vaga no time, e Liminha ganhou protagonismo e espaço fixo em uma equipe cujo onze inicial ainda era incerto. No jogo do título, contra a Juventus da Itália, foi de Liminha o gol que nos deu a taça. Décadas depois, foi uma lesão de Polaco que abriu caminho para Alfredo Mostarda na defesa da Academia dos anos 70. Campeão brasileiro, Alfredo seria convocado para a Copa de 1974.

 

 

Aos 30 minutos da final paulista de 1972, Dudu, em uma entrada no são-paulino Terto, fraturou duas costelas. Tentou seguir em campo, e chegou até a desmaiar antes de sair do campo e ir direto para o hospital. Madurga entrou no lugar, Ademir da Guia virou volante, e fomos campeões naquele jogo. No mesmo ano, contra o Botafogo, na partida decisiva do brasileirão, Dudu novamente se lesionou: Jairzinho pegou seu tornozelo, que, muito inchado, o impediu de festejar a conquista tal qual gostaria, pulando e correndo com seus companheiros. Sim, fomos campeões de novo sem nosso capitão.

 

 

Fernando Prass se lesionou em tempos de Libertadores, de Série B, Série A e Olimpíadas. Nas frestas de suas lesões, espaço para um errante Bruno, que o substituiu na Libertadores de 2013 após, um ano antes, ser decisivo na final da Copa do Brasil, e um perfeito Jaílson, facilmente a mais surreal história pessoal que já vi no clube. Aliás, entre tantas lesões de São Marcos, o maior dos nossos goleiros, uma frase, na boca do gramado para a decisão estadual de 2008, emerge e ressoa: "Tanto tempo que eu fiquei no vestiário, fazendo tratamento pra voltar... Eu me quebro tudo de novo, mas eu não vou perder nem a pau, porque eu sei o que sofri para estar aqui".

 

 

1999, Monumental de Nuñez, semifinal de Libertadores, Clebão sai machucado. Roque Júnior se agiganta, pega a vaga, joga muito, faz gol na partida de volta, bate o delicadíssimo pênalti quando perdíamos a decisão para o Deportivo Cali, e, na comemoração após a cobrança convertida, põe fogo na torcida. 2012, final de Copa do Brasil, Hernán Barcos é diagnosticado com apendicite. Com o elenco já esburacado, resta a Felipão apostar em Betinho, que chegou de última hora, ninguém confiava nem conhecia. Betinho fez o gol do título da Copa do Brasil.

 

São estas as memórias, colhidas com a ajuda do faminto amigo Mauro Beting e dos parceiros de verde na ESPN FC, que eu, atleta de várzea sem tornozelos saudáveis e em intensa luta contra dores lombares, preciso para não sucumbir à tristeza de ver Moisés parar, de novo, para tratar de uma lesão séria, agora em seu joelho esquerdo.

 

 

Pedrinho teria mudado o destino do campeonato de 2001 se não tivesse sofrido a lesão que sofreu? Pierre e Cleiton Xavier realmente mudariam a campanha de 2009? Valdívia teria um lugar melhor na memória palmeirense se tivesse respeito com o próprio corpo, ao invés de alegadamente beber em excesso em momentos de lesão? Neste parágrafo, as perguntas. Nos outros todos, fatos. Tudo isso aconteceu mesmo. Boa parte de nossas maiores façanhas foram forjadas, também, com a cola quente da frustração, da dor das lesões, dos inchaços, dos hematomas, dos pinos, das cirurgias. Da paciência, dia após dia, para um dia voltar.

 

 

Moisés, a gente te banca e te espera.

 

http://espnfc.espn.uol.com.br/palmeiras/o-...meiras-vencedor

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Muito bom o texto.

 

Fico triste pelo Moises, mas tenho certeza absoluta que ele vai voltar por cima, entrar em campo e receber todo o aplauso da torcida palestrina.

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