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  1. No domingo (24/11) os sócios do Palmeiras escolherão entre Leila Pereira e Savério Orlandi para presidir o clube pelo triênio 2025-2026-2027. Repetindo o que fez em outras eleições, o Palmeiras Todo Dia solicitou aos dois candidatos uma entrevista, mas apenas Savério topou participar. Leila, candidata da situação pela chapa “Palmeiras Campeão” (número 100) alegou falta de agenda. Confira abaixo a entrevista com Savério, que concorrerá pela chapa “Palmeiras Minha Vida é Você” (número 200), tendo Felipe Giocondo Cristovão, Luciana Santilli, Luiz Osvaldo Pastore e Roberto Silva como candidatos a vices. O PTD agradece a entrevista. Para iniciarmos, conte de maneira resumida, por favor, como nasceu sua relação com o Palmeiras e o motivo de ter entrado na política do clube. Minha relação com o Palmeiras começou muito cedo, ainda na infância. Sou palmeirense desde que nasci, sendo presença frequente com a família em jogos do time, dentro ou fora do Allianz Parque. Comecei no clube como sócio dependente desde 1983 e me tornei titular em 1996, seguindo o caminho tradicional, tendo hoje um plano familiar, com minha esposa e filhos. Faço parte do Conselho Deliberativo há 23 anos, participando de todas as comissões estatutárias desde 2001, e compus o Conselho de Orientação e Fiscalização entre 2013 e 2021. Ainda fui diretor de futebol entre 2007 e 2010. Em todos esses momentos, vivenciei momentos inesquecíveis com o clube, desde as vitórias até os períodos difíceis. Sou filho da fila, como dizem, já que vivi intensamente os 16 anos de jejum. Sempre senti que o Palmeiras é mais do que um time; é uma comunidade, uma paixão que une milhões de pessoas. Entrei na política do clube porque acredito que posso contribuir para preservar os valores históricos da instituição e garantir que ela continue sendo administrada de forma transparente, democrática e eficiente. Quero que o Palmeiras seja um clube de todos, com uma gestão que respeite seus sócios, torcedores e sua história. Está satisfeito com o trabalho da comissão técnica? Se eleito, tentará uma renovação antecipada com Abel Ferreira e seus auxiliares? O trabalho de Abel Ferreira é exemplar e tem sido um diferencial para o Palmeiras nos últimos anos. Ele é mais do que um técnico; é um líder, alguém que entende profundamente o espírito do clube e inspira os jogadores a buscarem sempre o melhor. Se eu for eleito, a renovação de Abel e sua comissão técnica será uma prioridade. Queremos que ele tenha tranquilidade para continuar o excelente trabalho, com condições de planejar o futuro e conquistar ainda mais títulos com o Palmeiras. Qual sua avaliação do elenco atual? Não acredita que alguns jogadores estão acomodados ou com o ciclo vencido? Nosso elenco é de qualidade, mas acredito que alguns jogadores podem estar em um momento de desgaste natural, algo comum no futebol. Precisamos de uma avaliação criteriosa para identificar quem ainda pode contribuir e quem está no fim do ciclo. Renovar é fundamental para manter o alto nível de competitividade. Minha gestão será pautada por decisões técnicas e estratégicas, sempre com o objetivo de manter o Palmeiras como protagonista. Se eleito, buscará reforços de peso? Minha primeira ação como presidente será sentar com o Abel Ferreira, para entregar a ele o time que ele quer para disputar o Mundial no ano que vem em condições de ser campeão. O Palmeiras tem que estar sempre entre os melhores, e isso exige reforços de peso. Vamos buscar jogadores que elevem o nível técnico do time e que se identifiquem com o nosso projeto. O mercado será explorado de forma inteligente, nosso scout será potencializado. Nada de contratação por feeling, e também não sou contra a contratação de jogadores experientes e renomados. Precisamos olhar o mercado e encontrar oportunidades, como ocorreu na minha época como diretor de futebol e trouxemos Denilson e Marcos Assunção, por exemplo. O Palmeiras tem condição financeira de competir com Flamengo e Botafogo no mercado? Sim, o Palmeiras tem uma base financeira sólida, mas precisamos de uma gestão verdadeiramente eficiente, sem a necessidade de empréstimos de tiro curto para corrigir um problema de fluxo de caixa que essa gestão nunca resolveu. O Palmeiras tem receitas altas, é verdade, mas custos altos também. Precisamos gastar, claro, mas com qualidade. O segredo está na inteligência na gestão, na capacidade de atrair novos recursos e na formação de uma equipe competitiva sem comprometer a sustentabilidade financeira do clube. Até hoje não temos um departamento comercial de captação de recursos, é um absurdo que vamos resolver de saída. Na sua gestão o Palmeiras pode ter como principal patrocinador uma Bet? Existe alguma restrição a empresas desse segmento? O segmento de apostas esportivas é uma realidade no futebol mundial e representa uma fonte importante de receita. Sendo prático, se o Palmeiras se isolar não contando com esse recurso, muito acima dos demais do mercado, vai ter um impacto esportivo no curto prazo. O que faremos é criar junto a esse parceiro um perfil de comunicação transparente. Precisamos falar sobre jogo responsável e saúde pública. Tenho certeza que nosso futuro parceiro vai comprar essa ideia e nos ajudar a transmitir a mensagem correta, colocando o Palmeiras mais uma vez na vanguarda. Se eleito, teria algum patrocínio encaminhado? Não é possível, já que isso ficou a cargo da gestão atual, sem nos permitir ter ciência do que está sendo conversado. E chegamos à eleição, já em 24 de novembro, sem qualquer detalhe sobre os patrocínios que devem, ou deveriam, começar em janeiro. De qualquer forma, se não tiver nada acertado quando assumirmos, a gente resolve com rapidez, porque tem fila de empresa querendo patrocinar o Palmeiras há muitos anos, mas eles foram, digamos, desencorajados. O diretor de futebol Anderson Barros será mantido no cargo na sua gestão? Todas as posições estratégicas serão avaliadas com base no desempenho e no alinhamento com o projeto da nova gestão. Mas posso dizer que o Anderson Barros é um profissional respeitado e aprecio o trabalho que ele fez diante da missão que lhe foi dada, indo ao mercado com restrições financeiras e na manutenção de um elenco que vem colecionando títulos, em um trabalho iniciado na gestão anterior, em 2020. Nosso objetivo é sempre reforçar as estruturas e equipes. O ex-presidente Paulo Nobre apoia sua candidatura? Por que ele não participou mais efetivamente da campanha? Devemos ser muito gratos ao que fez Paulo Nobre no Palmeiras, a pessoa certa na hora certa. Agora, devemos respeitar sua decisão de não participar mais da vida social e política do clube. Sua trajetória no clube é de sucesso e será sempre lembrada e respeitada. Nesse sentido, nem mesmo o procurei para pedir algum tipo de auxílio. Dois dos meus quatro vices são do Grupo Academia, que foi base de apoio ao Paulo em toda sua passagem. Na sua avaliação, qual principal virtude e defeito da gestão Leila Pereira? A manutenção da comissão técnica foi fundamental. Acho que dificilmente alguém faria diferente, mas não deixa de ser uma decisão correta. Por outro lado, a falta de transparência, os conflitos de interesses e a centralização excessiva das decisões, acabaram distanciando o Palmeiras de uma gestão mais democrática e participativa. Quem pisou questionar, foi retaliado. Esse comportamento é muito perigoso e parece cada vez mais normalizado. Acredita que a atual presidente está sendo desleal na campanha? Savério Orlandi: Não gosto de usar termos como desleal, mas é evidente que a campanha da atual presidente conta com a conivência do presidente do Conselho Deliberativo, que optou por uma quase completa omissão e permite com que a campanha da situação utilize recursos financeiros e estruturas que tornam a disputa desigual. Isso não é saudável para o processo democrático no clube. Minha candidatura é baseada em propostas, diálogo e no desejo de devolver o Palmeiras aos seus sócios e torcedores, respeitando os princípios de equidade. O poderio econômico da atual presidente pode definir a eleição? Sem dúvida, o poder econômico é um fator de peso, mas acredito na força das ideias e no discernimento dos sócios. A história do Palmeiras foi construída com paixão, trabalho e democracia, não com imposições financeiras. Confio que os eleitores saberão valorizar propostas que tragam um futuro melhor para o clube. Na gestão Leila Pereira o Palmeiras deixou de ter um profissional no marketing. Sob seu comando como o departamento será gerido? É inacreditável que uma associação com faturamento de R$ 1 bilhão não tenha um profissional no marketing. É óbvio que teremos, e não apenas um, mas um departamento completo de profissionais de valor comprovado no mercado. O marketing é fundamental para fortalecer a marca Palmeiras e gerar receitas. Pretendo trazer profissionais especializados e implementar uma gestão moderna, com metas claras e projetos que aproximem o clube de seus torcedores e patrocinadores. O marketing será um pilar estratégico na minha gestão. Se eleito, vai reatar a relação institucional com as torcidas organizadas? A relação será institucional. Parece lugar comum falar isso, mas é dialogar, conversar, não é dar benefícios, ingressos, não tem conversa com jogadores e comissão técnica. As torcidas organizadas são, inegavelmente, um ator dentro do cenário, e serão tratadas dessa forma. Eu fui diretor de futebol por quatro anos, e nunca teve ingresso de graça para ninguém, nunca teve dinheiro para ônibus de ninguém. Agora, sempre teve diálogo, sempre teve conversa. Mas, qualquer outra coisa que fuja a isso, com briga em aeroporto, invasão aí não há razão para manter o canal de diálogo. Não falarão com jogador ou comissão técnica. Serão ouvidos, mas por dirigentes, inclusive eu. Não vamos marginalizar. E deixaremos que episódios reprováveis sejam tratados pela polícia. Sob seu comando o Palmeiras manterá a política atual de preços dos ingressos? É uma ideia revisar a política de preços. Há um contrato com a WTorre que tem regras de precificação, respeitando a média praticada no ano anterior. Se o clube baixa muito o valor do ingresso, acaba dando um tiro no pé, porque arrecada menos e recebe menos pelas cadeiras que cede, por contrato, à WTorre. Faz parte do nosso plano de governo duas situações: criar mecanismos de convívio para promover uma real experiência de dia de jogo no Allianz Parque, traçando estratégias para jogos com maior ou menor potencial de lotação, e ser justo na precificação em fases decisivas. É possível “popularizar” os preços dos ingressos e dos produtos oficiais? Como? Eu acredito que tudo possa ser revisto, reavaliado e repensado. Certamente dá pra fazer melhor do que é feito e vamos buscar alternativas. Eu tenho um compromisso com o torcedor palmeirense, porque eu venho dali, da arquibancada, e vou dedicar toda força da nossa equipe para que o Palmeiras possa ser cada vez mais inclusivo, seja no estádio, na comunicação, ou mesmo na aquisição de algum produto oficial. A base do Palmeiras tornou-se a principal do país, trabalho iniciado em 2015. A permanência de João Paulo Sampaio será uma prioridade? Manterá o investimento alto nas categorias inferiores? A base é o futuro do clube, e o trabalho de João Paulo Sampaio tem sido exemplar. Sua permanência será uma prioridade na minha gestão, assim como a ampliação do investimento nas categorias de base. O que precisa mudar é no aproveitamento dos jogadores, e explico. Vemos duas formas de aproveitar o trabalho da base: com retorno esportivo, garantindo que o jogador ajude dentro de campo no time profissional por muitos anos, ou financeiro, com as vendas, mas, neste ponto, é necessário que esse investimento volte como reforço no profissional ou em melhorar a estrutura das categorias de base, e não para minimizar os graves problemas de fluxo de caixa, como ocorreu nas recentes negociações de Endrick, Estevão, Luis Guilherme, Kevin, Giovani… Não é nada razoável faturar quase 1 bilhão de reais com apenas três jogadores e esse dinheiro cobrir despesa operacional, como folha de pagamento da equipe profissional. Quais seus planos para o futebol feminino? O futebol feminino merece mais atenção e recursos. Precisamos aumentar os investimentos, melhorar a estrutura, criar projetos para atrair mais visibilidade e patrocínios e, principalmente, de fato aproximar o time feminino do clube e seu torcedor. É inadmissível o Palmeiras terminar 2024 com apenas um jogo do time feminino no Allianz Parque, e decidindo o Campeonato Paulista, como mandante, em Campinas, em uma absoluta falta de esforço da diretoria para ter algum tipo de ajuste. Nosso objetivo é consolidar o Palmeiras como uma referência também no futebol feminino. De saída, vamos trazer a modalidade para a cidade de São Paulo. Aqui é nossa casa. Os esportes amadores serão retomados na sua gestão? Mesmo se não forem autossustentáveis? Sim, quero retomar os esportes amadores, pois eles são parte da identidade do Palmeiras.E vamos mudar a forma de torná-los viáveis. Em vez de ficar esperando os patrocinadores, nós vamos ao mercado, buscar esses patrocínios, para que os esportes amadores sejam, de fato, retomados. É vergonhoso ver associados que representam o Palmeiras precisarem passar rifa para conseguir uniforme e viajar. É inaceitável alegar que não tem patrocínio, sendo que a empresa da presidente tem um contrato de exclusividade. É uma ofensa à inteligência do associado. Conhece os termos do acordo com a WTorre? Será objeto de avaliação na sua gestão? Como foi praxe no mandato da atual gestão, os acordos são feitos sem detalhes repassados ao Conselho Deliberativo. Conheço apenas pela imprensa. Sem dúvida, vou ver cada detalhe do acordo e, se necessário, abrir diálogo, que é como acredito que qualquer situação possa ser resolvida. O que considero importante é que o Allianz Parque é um marco divisor na história do Palmeiras e que é importante estreitar esse relacionamento com a WTorre, até porque, em 20 anos, essa administração será do clube, e precisamos, desde já, aprimorar nossa expertise na gestão de uma arena desse porte. Desde a sua concepção e aprovação da arena por parte do Conselho Deliberativo, que eu já fazia parte, em 2007, sempre entendi a parceria como um jogo de ganha-ganha, tanto para o Palmeiras quanto para a WTorre. O que pensa sobre sócio-torcedor ter direito a voto? Pensa numa mudança estatutária que viabilize essa questão? O direito a voto para sócio-torcedor é uma discussão válida e importante. No entanto, é um tema que exige análise cuidadosa e debate com o Conselho Deliberativo e os sócios do clube. Minha gestão estará aberta a estudar mudanças estatutárias que fortaleçam e ampliem a democracia no Palmeiras. Mas é importante dizer que não é algo que depende só do presidente, é necessário o Conselho Deliberativo aprovar uma mudança estatutária sobre o tema. Enxerga o Palmeiras virando uma SAF no futuro? Na sua gestão existe a possibilidade disso acontecer? A SAF é uma realidade que precisa ser analisada com responsabilidade. No momento, acredito que o Palmeiras ainda não está preparado para essa transformação, mas o tema precisa ser pauta do clube, porque vão nos rondar nos próximos anos e temos que estar preparados pro debate. No futuro, uma SAF no modelo alemão, com o torcedor sendo dono do clube, pode ser o caminho que se busca hoje, algo similar ao voto do sócio torcedor. Agora, SAF com um dono, alguém que às vezes nem palmeirense é, isso não aceitaríamos jamais. É possível o Palmeiras encabeçar um movimento para implementar o Fair Play Financeiro no futebol brasileiro? Sem dúvidas. O Fair Play Financeiro é essencial para o equilíbrio do futebol brasileiro, e o Palmeiras tem condições de liderar esse movimento. Sob minha gestão, vamos buscar articulação com outros clubes e entidades para implementar regras claras e justas. Mas um Fair Play real, que ajude efetivamente na verdadeira evolução do futebol brasileiro. Minha experiência nas entidades do futebol que sou integrante certamente vai nos ajudar a liderar isso. O Palmeiras é membro da Libra. Está satisfeito com o “lado” que a atual gestão escolheu? Irá reavaliar os acordos fechados? A participação na Libra foi uma decisão estratégica, de longo prazo e parece ser a opção correta. De todo modo, é fundamental reavaliar os acordos fechados para garantir que o Palmeiras esteja sempre na melhor posição possível. O Palmeiras precisa ser protagonista dentro e também fora de campo. Esse protagonismo deve ser exercido na prática, liderando a construção do ambiente do novo mercado futebolístico para além da discussão de mais valia que norteou a formação de dois blocos de negociação dos direitos de transmissão dos clubes. Fique à vontade para deixar uma mensagem para o torcedor palmeirense e em especial para os sócios que votarão na eleição de domingo. Quero dizer a todos os palmeirenses que meu compromisso é com o Palmeiras, sua história e seu futuro. Minha gestão será pautada pela transparência, democracia e paixão pelo clube. Aos sócios, peço seu voto de confiança para juntos construirmos um Palmeiras ainda mais forte, democrático e vencedor. O clube é de todos nós, e juntos faremos história. O Palmeiras é Minha Vida.
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