Eu estava no estádio. No instante em que o pênalti foi marcado, ele caminhou lentamente até a lateral do campo e, por alguns segundos eternos, levantou os olhos para o céu. Foram dois, talvez três minutos até o juiz conseguir organizar a área e autorizar a cobrança — mas, para ele, devem ter sido os minutos mais longos de toda a vida.
Imagino o que passou pela cabeça dele naquele momento: o menino que ia com o avô ao estádio, vibrando nas arquibancadas, sonhando em ver de perto um grande ídolo decidir um jogo. E agora, o tempo havia se invertido — ele já não era o garoto na arquibancada, era o ídolo em campo, com o estádio inteiro depositando sobre ele o mesmo sonho que um dia teve.
Quando a área finalmente se organiza e o VR entrega a bola ao Veiga, dá pra sentir o arrepio atravessar o estádio. Ele ajeita a bola com calma, respira fundo, ergue os olhos ao céu — talvez em agradecimento, talvez em conexão com aquele garoto que um dia foi — e o silêncio se transforma em um rugido que sacode as arquibancadas:
“Olê, olê, olê, olá... Veiga! Veiga!”
Naquele instante, o tempo parou. Cada olhar, cada voz, cada coração ali pulsava junto com o dele. E quando a bola balança a rede, o estádio inteiro explode em emoção — uma mistura de alívio, alegria e consagração.
Aquele pênalti foi a coroa que faltava no jogo — o ápice de uma história escrita com talento, fé e entrega. Um momento que, só de lembrar, ainda arrepia.
Mesma coisa.
Chinguei o Abel na hora. Aí ele no primeiro lance já me bate aquela falta. Na hora pensei: hoje entrou o Veiga Prime.
Não deu outra. O cara entrou sedento.