Suspeito que o Abel insista nesses conceitos (e continue perdendo jogos cruciais contra adversários à altura) por sua visão humanística de futebol. O grande Felipão, nosso histórico treinador, cometeu uma das maiores atrocidades da história do futebol em 2014, morrendo abraçado com os seus. Essa gestão de fechar grupos e valorizar os seus até nas piores horas tem o seu preço. Abel enxerga alguns jogadores com a lente de dois, três anos atrás. Ele pede para Gómez e Murilo fazerem coisas que não mais capazes de entregar. Ele coloca, pasme, Raphael Veiga pra marcar um equatoriano em Quito. Espero muito que ele não cometa erros crassos na final que se aproxima.

Depois da última experiência, Palmeiras deveria ser proibido de contratar jogador de nome Facundo pelos próximos 10 anos. 

É nítido que a marcação individual serve para partidas pontuais, qualquer time que tenha bons jogadores e um bom técnico sabe manipular essa perseguição para abrir espaços deixando o time completamente exposto. Eu já larguei de mão de reclamar sobre isso

Já cansei de falar sobre essa atrocidade que é o sistema de marcação homem a homem com encaixes longos. Uma coisa é você montar um sistema defensivo blocado que até encaixa individualmente, mas quando o jogador "sai da sua zona", que chega nele é outro, assim ninguém precisa deixar seu posto para ir perseguir o adversário na intermediária, por exemplo. O sistema defensivo do Palmeiras é muito fácil de manipular. Por exemplo, vamos supor que temos Palmeiras x cheiro na final da Libertadores. Gómez marca individualmente o Bruno Henrique. O Bruno Henrique vai puxar o Gómez para a lateral e abrir o espaço nas entrelinhas para alguém se desvencilhar e infiltrar no buraco que ele vai deixar. Ou pior! Vai puxar o Gómez para o meio campo e tentar uma bola nas costas do defensor. Alguém vai ter que saltar para cobrir o Gómez e outro jogador adversário ficará livre para atacar a nossa defesa desguarnecida. Não precisa ser nenhum entendedor profundo de sistema tático para perceber que os encaixes longos deixam muitos buracos na defesa. Esse tipo de marcação é sazonal, funciona pontualmente, até porque, exige muito fisicamente dos atletas e fica manjado. Além disso, todo erro é fatal. Se alguém erra o bote, outro alguém precisa saltar para cobrir o espaço de quem errou o bote, que automaticamente gera um novo espaço para o atleta que estava sendo marcado por aquele que saltou. É uma cascata. O gol do Arrascaeta contra nós ilustra bem isso. O Fuchs foi ao meio campo marcar o Pedro, perdeu a marcação e gerou uma latifúndio na nossa primeira linha. Para piorar, nesse jogo estávamos com a linha defensiva alta, o que dá ainda mais espaços nas costas da zaga. Tem vários times que usam pontualmente a marcação homem a homem e isso não é "errado" propriamente dito. Mas a forma como o Palmeiras faz não encaixa com a característica dos jogadores. Gómez e Fuchs, dois zagueiros lentos, jogando em linha alta e tendo que perseguir atacante rápido no meio campo, é um convite ao prazer pro adversário.

Quando o Palmeiras joga em casa contra times inferiores e aplica um ritmo intenso ao jogo, acho essas perseguições individuais muito boas, pois fazem o time recuperar rapidamente a bola, gerando uma dinâmica que chama o torcedor pro jogo. Abel faz isso como nenhum outro treinador no Brasil. Quando enfrenta um adversário mais competente e tenta replicar alguns desses conceitos, fatalmente resulta em desastre. Eu odeio quando o Gómez vai buscar o Arrascaeta quase no grande círculo e abre completamente a defesa — quantos gols nós já tomamos com essa merda? Quando o Murilo vai com o pé fofo contra um adversário mais combativo ou técnico e também expõe todo o sistema defensivo.